domingo, 17 de julho de 2016

Caminho dos Pescadores - Rota Vicentina.



A Rota Vicentina é uma rede de percursos pedestres no sudoeste de Portugal, constituído pelo caminho histórico, que vai de Santiago do Cacem ao cabo São Vicente e pelo caminho dos pescadores, que começa em Porto Covo e termina em Odeceixe com cerca de 80 quilómetros. 

Depois de fazer o caminho histórico com cerca de 230 quilómetros de bicicleta em autonomia à dois anos,(http://blogfragoselas.blogspot.pt/2014/09/rota-vicentina-setembro-2014.html). Desta vez decidi me por fazer os caminhos dos Pescadores também em autonomia na companhia da minha esposa Manuela. 

O caminho dos pescadores é sempre junto ao mar, seguindo os caminhos usados pelos locais para acesso às praias e pesqueiros.
Trata-se de um single track percorrível apenas a pé, ao longo das falésias, com muita areia e por isso mais exigente do ponto de vista físico.
Um desafio ao contacto permanente com o vento do mar, à rudeza da paisagem costeira e à presença de uma natureza selvagem e persistente.
Chegámos um dia antes de iniciar o caminho a Porto Covo onde ficámos no parque de campismo com condições muito razoáveis e aproveitamos o dia para descansar e conhecer a Vila. 
A primeira etapa foi entre Porto covo e Vila Nova de Milfontes. Esta é a etapa das praias, em que se caminha ao longo dos extensos areais das praias da Ilha do Pessegueiro, Aivados e Malhão, ainda descobrimos pequenas enseadas desertas que foram uma autentica surpresa pela sua rara beleza. É no entanto um percurso cansativo, dada a sua extensão e o piso sempre de areia. Demorámos cerca de sete horas a fazer esta etapa e muita atenção aos mantimentos e água para o percurso visto não existir maneira de nos poder abastecer durante toda a etapa.  
É absolutamente fantástica a diversidade de formas que as praias assumem apenas nesta etapa. Praias protegidas por rochas antigas, escuras, que resistem gloriosamente à erosão, formando falésias e ilhotas (a que os locais chamam palheirões). Praias como a dos Aivados, de calhaus rolados, arredondados pela erosão do mar.
Praias em que as dunas fósseis descem até ao mar deixando-se trabalhar por ele em rendilhados surpreendentes, como na praia do Faquir ou do Farol. Praias de areia, em suave transição desde o cordão dunar, como o Malhão. Praias com bicas de água doce, vinda da serra por caminhos subterrâneos, justificando o nome de Milfontes.
A biodiversidade das dunas é notável, mostrando todo o seu esplendor, com uma profusão de cores, aromas e formas absolutamente espantosa. Estas plantas têm adaptações perfeitas para este meio hostil, com um solo pobre, mais de seis meses sem água e ventos fortes e salgados.
Mesmo plantas como o pinheiro, o alecrim ou a esteva, adquirem aqui formas diferentes e melhor adaptadas às condições severas. Algumas destas espécies são endémicas da costa sudoeste e não podem encontrar-se em mais nenhum local do mundo.
Camping Porto Covo


Camping Porto Covo


Camping Poto Covo


Saída de Porto Covo


Igreja de Porto Covo


Saída de Porto Covo


Distância para Vila Nova de Milfontes


Porto de abrigo


Inicio do trilho


Entre Porto Covo e a Ilha do Pessegueiro


Praia da ilha do Pessegueiro


Praia da Ilha do Pessegueiro


Forte


Dunas da praia do Malhão


Praia do Malhão


Praia do Malhão


Ninhos de Cegonha


Arribas


Já em Milfontes


Milfontes



No Segundo dia Partimos de Vila Nova de Milfontes para mais uma etapa de apenas 15 quilómetros até Almograve, a única localidade sem parque de campismo, mas no entanto com pousada da juventude e por isso aconselho fazer reserva anteriormente. Nós como temos uns amigos com casa na localidade ficámos com eles e fomos recebidos de uma forma espectacular. Foram de uma hospitalidade e trataram-nos com um carinho tão especial que não tenho palavras para lhe agradecer. Um grande bem haja aos amigos Zé Manuel e Teresa por todo, nunca esqueceremos esta recessão e são pessoas especiais que fazem com que estas aventuras se tornem ainda mais especiais.   

Esta etapa já a tínhamos feito parte em sentido contrario à uns anos atrás num evento de geocaching, mas como na altura não acabamos em Milfontes não sabíamos que a saída até aos trilhos é chata e monótona.

Neste dia o caminho levo-nos com vistas deslumbrantes sobre Vila Nova de Milfontes e o rio Mira, que aqui tem o seu encontro com o Atlântico, num dia de caminhada curto e acessível para que se possa desfrutar em pleno da região. Também aqui é fundamental levar mantimentos para todo o percurso.

A passagem da ponte sobre o rio, em Vila Nova de Milfontes, permite contemplar a foz, a vila e as encostas cobertas de matos mediterrânicos. 

Neste troço pode apreciar as marcas do ser humano neste litoral. Há sítios onde a vegetação nativa mostra toda a sua diversidade e outros onde ela foi eliminada pela planta exótica mais agressiva do Sw – a acácia. Esta invasora tem potencial para reduzir a biodiversidade das dunas praticamente a zero.
Também a agricultura intensiva se estende por vezes até bem perto do mar. No entanto, pode apreciar outras marcas de presença humana bem mais pacatas, como a pesca artesanal, ou as fábricas de pedra lascada que afloram sob a areia das dunas, vestígios do homem da idade da pedra.
Ponte de Milfontes
Inicio dos trilhos
Graffiti
Vila Nova de Milfontes
Primeira pausa 
Campos agrícolas
Dificuldade acrescida 
Alguma dificuldade 
Curso de água 
Bicharada
Costa Vicentina em todo o seu esplendor
por aqui caminha-se muito
Canavial 
Uma flor no meio da espécie invasora
Rota Vicentina
A erosão 
Gaivotas
Floresta de acácias
Almograve

No terceiro dia e a convite do Zé Manuel e Teresa, ficámos a descansar em Almograve. Aproveitamos para desfrutar da magnifica praia e conhecer uns montes Alentejanos para turismo rural com vistas brutais para o rio Mira. Com isto despoletou-me a aproxima aventura. Descer o rio Mira de Odemira a Vila nova de Milfontes em canoa.  
Claro que os pontos altos foram as belas refeições de peixe ultra fresco e o convívio magnifico com estas pessoas extraordinárias. 
Amizade
Na praia
Praia de Almograve
Mergulho 
Vistas de um Monte Alentejano
Rio Mira
Uma casa Portuguesa com certeza 
Convívio
Ao quarto dia iniciámos logo pela manhã a etapa entre Almograve e a Zambujeira do Mar, a maior com cerca de 22 quilómetros. Mais uma etapa sem abastecimento e como em todas, raramente encontra-se alguém. Nesta encontrámos duas jovens, uma Norte Americana e a outra alemã, com quem meti conversa e acabaram por me dizer que já tinham estado na Nova Zelândia e na Austrália,mas que o caminho de costa mais bonito que tinham feito até agora, tinha sido este e se alguém compara a nossa costa Vicentina com Países como a Nova Zelândia,é porque de facto o caminho dos pescadores é mesmo muito bonito.
Os portinhos de pesca artesanais, dunas avermelhadas, o perfume dos pinhais  e o espectáculo único no mundo das cegonhas que nidificam nas falésias, tornam esta caminhada num verdadeiro bálsamo para os sentidos.
As falésias altas e escarpadas deste troço, apesar de expostas ao vento salgado e teimoso do mar, são local de nidificação de mais de 20 espécies de aves, vale a pena permanecer em sossego e discretamente vigiando a falésia de cima, apreciar o voo destas aves junto ao Cabo Sardão.
Saída de Almograve
Praia de Almograve
Porto de pesca artesanal
Dunas avermelhadas 
Paisagem Marciana
Nas arribas 
Ninho de cegonhas no cabo Sardão
Sedimentação 
Paisagem do Cabo Sardão
No Cabo Sardão
Farol do cabo Sardão
Dunas
A meio da etapa
Geocaching
Mais uma dificuldade para a Manuela
Mais um Porto de pesca artesanal 
Capela da Zambujeira do Mar
A recuperar no camping da Zambujeira 
A recuperar no camping da Zambujeira 
Praia da Zambujeira do Mar
A melhor maneira de acabar o dia
No ultimo dia completamos a nossa aventura com a etapa de Zambujeira do Mar a Odeceixe com cerca de 18 quilómetros e um pouco menos perigosa com abastecimento a meio. Uma etapa onde passamos pelas praias dos Alteirinhos, Carvalhal, Machados e Amália, um local brutal. A abrirem caminho até à Azenha do Mar, onde encontra um porto de pesca natural e para terminar, uma das mais impressionantes vistas de todo o território, a praia de Odeceixe vista da majestosa Ponta em Branco e toda a costa Algarvia até ao cabo S. Vivente. 
À saída da Zambujeira 
Entre a Zambujeira e as azenhas do Mar
Nas falésias
Avestruz 
"Bambi"
Animais azóticos
Vistas
Vegetação intensa 
A caminho da praia da Amália
 A caminho da praia da Amália
Trilho a passar a praia da Amália
A cascata da praia da Amália
Depois da praia ada Amália
Vistas
Azenhas do Mar
 Azenhas do Mar
Grande mulher
Costa Algarvia com o Cabo S. Vicente bem lá ao fundo 
Estou de alma cheia  
Praia de Odeceixe
Daqui fizemos uma pausa na praia de Odeceixe e só depois é que seguimos para o parque de campismo de S. Miguel que fica a cerca de 5 quilómetros, onde chegámos por volta das 17 horas. Nessa noite também encontrámos uns bons amigos acampados no parque, tão bons que sou padrinho da Sofia,  filha do meu grande amigo Leão e Anabela. Não podia existir melhor maneira de acabar esta aventura. Só tenho pena de não ter fotos desses momentos, mas o que interessa são os momentos vividos com intensidade nestas aventuras e os momentos que passámos juntos com todos eles foram intensos e por isso todos eles ficaram associados e serão sempre recordados como parte desta aventura.
No Camping de S. Miguel 
O regresso era para ser feito de expresso a partir de Odeceixe no dia seguinte, às 9.30h. até ao Cercal do Alentejo e dai de táxi até Porto Covo onde tínhamos o carro. Mas mais uma vez os amigos Zé Manuel e Teresa com a sua imensa generosidade  dispuseram-se a ir nos buscar a Odeceixe e levar-nos a Porto Covo, onde acabamos numa grande almoçarada. Como não podia deixar de ser. 

Fonte : http://pt.rotavicentina.com/