Depois de em Maio de 2019 ter feito parcialmente a estrada nacional 2 de sul para norte a partir de Montemor Novo, ficou o desejo de a fazer na totalidade os seus 738 quilómetros.
O desejo realizou-se este ano com o percurso a ser feito de norte para sul, por isso ter intitulado esta aventura de Estrada Nacional 2.2. A esta aventura juntaram-se o amigo Nuno, que já me tinha acompanhado da outra vez que tínhamos feito a estrada nacional 2, o Rodrigo, namorado da minha filha que foi estrear a sua maquina novinha e a minha filha Joana, que para mim foi um privilegio e um imenso prazer, por também ser a primeira vez que ela me acompanhava nestas minhas aventuras e por isso uma aventura que já mais esquecerei e recordarei sempre com um gosto muito especial.
A aventura começou numa sexta feira depois do trabalho, comigo e com o Nuno a fazermos a viagem de Sintra para Chaves directos, parando só para abastecer e comer uma bela sandes de leitão na IP3 em Penacova. A viagem correu às mil maravilhas, não obstando o facto de a fazermos de noite e a luz da minha mota estar desalinhada e ter com isso mais dificuldade em ver, mas com fizemos a viagem pela A1 até Coimbra, depois pela IP3 até Viseu e dai a Chaves pelo A24, a coisa foi pacifica. Entretanto a Joana e o Rodrigo já tinham arrancado a meio da tarde e esperavam-nos em Chaves.
No dia seguinte e depois do pequeno almoço no hotel, demos uma volta por Chaves num pequeno passeio turístico a pé e por volta das onze da manhã estávamos no quilometro zero para iniciar os 738 quilómetros até Faro com três etapas programadas. De Chaves a Fragoselas na minha terra, no distrito de Viseu. De Fragoselas a Mação na terra do Nuno em Abrantes e de Mação a Faro.
Ao longo do seu traçado a Estrada Nacional 2, passa por 35 concelhos (Chaves, Vila Pouca de Aguiar, Vila Real, Santa Marta de Penaguião, Peso da Régua, Lamego, Castro Daire, São Pedro do Sul, Viseu, Tondela, Santa Comba Dão, Mortágua, Penacova, Vila Nova de Poiares, Lousã, Góis, Pedrogão Grande, Sertã, Vila de Rei, Sardoal, Abrantes, Ponte de Sor, Avis, Mora, Coruche, Montemor-o-Novo, Viana do Alentejo, Alcácer do Sal, Ferreira do Alentejo, Aljustrel, Castro Verde, Almodôvar, Loulé, São Brás de Alportel e Faro), denominados como concelhos de interior.
Apesar do declínio demográfico dos últimos anos no interior, esta Rota abrange uma vizinhança populacional de 689.079 habitantes, tem pontes sobre 11 rios e percorre 11 serras. Repleta de misticismo, de património material e imaterial e por características singulares, a Rota da Estrada Nacional 2 é a maneira mais pura de conhecer Portugal, a sua diversidade, cultura, paisagem, demografia, gastronomia e património, reconhecidos mundialmente.
A Estrada Nacional 2 foi a materialização de um dos sonhos de Salazar de criar uma estrada que ligasse Portugal de norte a sul pelo centro do país, tornando-se num dos projectos bandeira do Estado Novo. Mas se pensa que a EN2 foi toda feita do zero pelo Estado Novo está muito enganado. Muitos dos segmentos do que é hoje a Estrada Nacional 2 já eram as principais vias romanas que atravessavam a Lusitânia de norte a sul. Vias essas que mais tarde foram melhoradas e se tornaram na Estrada Real que cruzava o interior de Portugal nos tempos da monarquia.
O que Salazar fez foi renomear várias estradas já existentes, alcatroar as estradas e caminhos de pedra e terra batida e construir pontes e ligações entre os diferentes troços. Uma obra fantástica que levou a que em 1945 nascesse a mítica Estrada Nacional 2, a estrada rainha de Portugal.
Existe um Passaporte da Estrada Nacional 2, emitido pela Associação de Municípios da Rota da Estrada Nacional 2. Para além de conter um pequeno mapa da rota da EN2 serve para ir coleccionando os carimbos que atestam a sua passagem por cada um dos 35 municípios por onde passa a EN2 (usualmente pode carimbar nos postos de turismo e nos principais monumentos, mas também em cafés e restaurantes).
Com previsão de chuviscos lá iniciámos a nossa viagem fazendo a primeira paragem nas Pedras Salgadas.As Pedras Salgadas, é uma localidade onde se encontra a nascente da famosa água das pedras. Escusado será dizer que o grande destaque da terra é o histórico Parque Termal de Pedras Salgadas cuja origem remonta ao séc. XIX. Entre os locais mais emblemáticos do parque destacamos o Balneário Termal, o antigo Casino, a icónica Fonte de Pedras Salgadas, onde provamos a água que nesta nascente é muito ferrosa e por isso tinha um sabor intenso a ferro. Segundo a senhora que estava a servir a água, existem várias nascentes com características diferentes, umas com mais gás outras com menos, mas que depois são todas encaminhadas para a fabrica e é na mistura de todas que resulta a água que bebemos das garrafas.
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Posto de turismo em Chaves
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Posto de Turismo
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Chaves |
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Chaves
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Km 0 |
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Pedras Salgadas |
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Pedras Salgadas |
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Pedras Salgadas |
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Pedras Salgadas |
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Das Pedras Salgadas continuamos a viagem, rumo a Vila Real, a princesa do Corgo.
Para visitar a cidade de Vila Real como ela merece seria preciso, no mínimo, um dia inteiro. Nós ficamo-nos pelo centro e pelo belo de um almoço, que no meu caso foi uma favas que estavam divinais.
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Vila Real |
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Vila Real |
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Vila Real |
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Vila Real |
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Vila Real |
Depois de Vila Real e até ao Peso da Régua, entramos num dos troços mais bonitos, sinuosos e gratificantes para um motociclista. As suas 365 curvas oferecem-nos um prazer imenso de condução, aliado a uma paisagem brutal dos socalcos do Douro vinhateiro. Observar o rio Douro a serpentear os montes tatuados de socalcos, de um lado, e a imponente Serra do Marão, do outro, é simplesmente apaixonante. Ao chegarmos ao Peso da Régua, fizemos mais uma paragem para uma pequena visita e comentarmos as sensações que tivemos até ali com tudo aquele esplendor.
O Peso da Régua é a principal cidade da região demarcada do Douro, nela fizemos um passeio pelo cais fluvial, enquanto observávamos os inúmeros cruzeiros que navegam no Douro, com a sua maravilhosa paisagem envolvente.
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Peso da Régua |
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Peso da Régua |
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Peso da Régua |
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Peso da Régua |
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Peso da régua |
Com o tempo a escassear e o clima a piorar, seguimos para Lamego pela estrada nacional 2 que nos conduzi-o pelas sinuosas estradas do Douro Vinhateiro e nos levou a atravessar a Serra de Montemuro, uma das serras mais desconhecidas de Portugal.Em Lamego também ficámos por uma pequena visita ao centro da cidade e ás escadarias da Nossa Senhora dos Remédios.
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Lamego |
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Lamego |
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Lamego |
A próxima paragem foi em Castro de aire, só para abastecer, porque o clima estava a piorar muito e criamos entrar na serra a caminho de Fragoselas com os depósitos cheios, dado que a aldeia fica muito isolada e a mais de trinta quilómetros do posto de abastecimento mais próximo.O percurso de Castro de Aire a Frasosela, já foi feito de noite e com uma tempestade violenta. Por estradas de montanha muito sinuosas e estreitas, uma autentica prova de condução em condições climatéricas severas.
Chegámos a Fragoselas sem nos aperceber da dimensão do que fui a calamidade dos últimos incêndios na região e quando acordámos de manhã ficámos perplexos com a devastação da paisagem, que estava negra e fria, uma desilusão e tristeza imensa para aquilo que estávamos a ver.
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Fragoselas |
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Fragoselas |
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Fragoselas |
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Fragoselas |
No segundo dia estava uma tempestade imensa e ainda considerámos ficar aquele dia em Fragoselas, mas depois de verificar as previsões, decidimos partir, dado que no dia a seguir a tempestade continuava a fustigar a zona norte.A viagem iniciou-se debaixo de uma chuva intensa até Viseu, onde parámos para um café e decidirmos o que planear.
Decidimos então fazer uns pequenos cortes à estrada nacional 2, indo pela IP3 até Penacova e dai para Vila de Rei para dessa maneira chegarmos da melhor maneira a Mação. Almoçamos em Pedrogão pequeno, onde nem as cuecas estavam secas.
Como a viagem foi feita quase toda de baixo de chuva neste dia nem deu para tirar muitas fotos.
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Viseu |
Ao terceiro dia e com ele mais risonho, o plano era chegarmos a Faro. Partimos da casa do Nuno para Abrantes, onde ainda apanhamos uma bela chuvada, que só sérvio para nos assustar, porque depois pôs-se uma dia primaveril se bem que com um pouco de vento. Em Abrantes atravessámos o rio Tejo e seguimos em direcção a Ponte de Sor. A partir daqui as curvas da Estrada Nacional 2, omnipresentes desde o Vale do Douro, dão lugar às famosas rectas do Alentejo. É uma mudança de paisagem brutal, prova inequívoca da enorme diversidade paisagística de Portugal.
Depois de Ponte de Sor percorremos um dos troços da EN2 mais bonitos do dia. Até chegar à Barragem de Montargil, a Estrada Nacional 2 segue paralela à sua maravilhosa albufeira, muitas das vezes ladeada por frondosas árvores que formam como que um túnel natural.
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Casa do Nuno |
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Montargil |
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Montargil |
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Montargil |
Depois de Montargil a próxima paragem foi em Montemor Novo para uma bifana e seguirmos até ao Torrão, pelas típicas planícies Alentejanas, também elas de uma grande beleza, com rectas a perder de vista. Entre o Torrão e a mítica serra de Caldeirão ainda fizemos uma paragem no quilometro da besta o 666.
O momento mais alto do dia (para além da chegada a Faro) foi a mítica travessia da Serra do Caldeirão, com as suas curvas desafiantes e de um grande prazer para qualquer motociclista.
Este foi o percurso que da primeira vez que fiz a estrada nacional 2 com o Nuno, não a tínhamos feito e que bela surpresa tivemos, desde as rectas das planícies Alentejanas, até ás curvas da serra do Caldeirão este percurso oferece-nos um prazer de condução imenso.
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Bifanas em Montemor |
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Montemor Novo |
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Torrão |
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Odivelas |
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Aljustrel |
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Aljustrel |
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Quilometro da besta |
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Quilometro da besta |
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Quilometro da besta |
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Serra do Caldeirão |
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Serra do Caldeirão |
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Serra do Caldeirão |
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Serra do caldeirão |
A chegada a Faro e ao quilometro 738, como não podia deixar de ser foi um misto de emoções. Mais uma aventura em grande e especial companhia, a sensação boa de percorrer um País de lés-a-lés que nos tem tanto para oferecer. Uma viagem que o clima não ajudou, mas que correu tudo pelo melhor e depois os momentos vivido que são esses os mais importantes e aqueles que levamos para todo o sempre.
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KM 738 |
Nesse dia pernoitámos na casa do rodrigo em Armação de Pêra e no outro dia foi o regresso a casa, com o sentimento de ter vivido mais uma aventura espectacular neste Pais abençoado e maravilhoso.Aos meus companheiros de aventura um agradecimento do fundo do coração por terem tronado esta aventura ainda mais especial.