sexta-feira, 2 de maio de 2025

Montanhas Vazias 2025

 


Há um lugar em Espanha com uma área duas vezes maior que a Bélgica, com uma densidade populacional semelhante à da Lapónia ou das terras altas de Escócia. Apenas com 6.99 habitantes por quilometro quadrado. É a Lapónia Espanhola, designadas por montanhas vazias. 

Quando se chega a uma cidade se nos parecer ter cerca de 100 habitantes, há uma chance de que, mais cedo ou mais tarde, ande-se 100 quilómetros sem ver ninguém.

A minha  viagem e da Ana começou depois de almoço na a Agualva, com passagem pelo Seixal para apanhar o Fernando e da ai os três iniciamos, no coitado do Panda com três bikes no tejadilho e a tralha dos três, uma viagem de 800 quilómetros até Zaorejas, onde chegámos ás quatro da manhã.


No outro dia logo pela manhã preparámos tudo o que era necessário para 6 dias de viagem de bicicleta, num dos lugares mais remotos da península Ibérica, onde sabíamos que tinhas-mos poucos pontos de abastecimento e a maior parte do tempo estaríamos sem rede nos telemóveis.



Nesse dia ligámos Zaorejas ao refugio de montanha de Alconera num total de 76 quilómetros e cerca de 1.400 metros de acumulada. 

Estamos na província de Cuenca e saímos em direcção ao meio da Serrania. Descobriremos a Laguna del Tobar e pedalamos por intermináveis ​​florestas de pinheiros, de uma beleza rara e onde só se ouvia os marulhos da natureza, estávamos na mais profunda comunhão com a natureza, afinal o mundo no meio da natureza é tão diferente e gratificante. 











 





O almoço foi no Pueblo de Beteta, uma pequena aldeia pitoresca e apenas com um café, mas com uma fonte impar, onde o Fernando sacio a sede com muito agrado. Mais tarde e antes de uma brutal subida ainda deu para descansar mesmo ao lado de uma lago com vistas fantásticas. 






Como tínhamos iniciado o percurso um pouco tarde o dia passou muito depressa e quando demos por isso já o sol estava-se a por e ainda nos faltava alguns quilómetros para chegar ao refúgio, por isso fizemos os últimos quilómetros já de noite e como por aqui, as altitudes são sempre altas o frio à noite é muito acentuado chegando ao refugio regelados.  



No segundo dia saímos de refugio de Alconera para Zafrilla onde fizemos cerca de 66 quilómetros e 1300 metros de acumulada. Os primeiros quilómetros foram basicamente a descer, mas num estradão perigoso e cheio de cascalho solto, onde a Ana ainda deu uma pequena queda, mas sem consequências a não ser a falta de confiança com que ficou a descer e que depois foi-lhe passando ao longo da viagem. Para os últimos quilómetros esperava-nos umas subidas que nos fizeram chegar a Zafrilla de bofes de fora.  O percurso continuou a ser lindíssimo por pinhais imensos e sempre com o mesmo isolamento.



















 No terceiro dia fomos de Zafrilla a Albarracin o dia mais longo com cerca de 83 quilómetros e 1500 metros de acumula. Neste dia tivemos a única pequena avaria de toda a viagem. Um dos elásticos dos alforges da Ana enrolasse na roda e ainda nos deu algum trabalho a tira-lo, mas nestes casos a necessidade aguça o engenho e lá resolvemos o problema.


 O percurso foi brutal, apanhámos uma zona com umas formações rochosas absolutamente fantásticas. onde fizemos uma paragem perlongada para desfrutar do local. 














   

Ao chegarmos a Albarracin ficamos de boca aberta com a beleza da aldeia. Albarracin é dos povoados mais antigos de Espanha. Possui ruas inclinadas e estreitas, e uma arquitectura muito peculiar que se adapta ao terreno, em madeira e arenito, com saliências desniveladas. Igrejas e edifícios religiosos, senhoriais e também populares. Albarracin é candidata pela UNESCO a património mundial pela beleza e importância do seu património histórico. Faz parte da rede de Aldeias mais bonitas de Espanha.












Ao quarto dia alterámos o percurso previsto e curtamos cerca de 50 quilómetros ao que estava previsto para ficarmos mais tempo em Albarracin e disfrutarmos da aldeia e assim fomos directos à nascente do Tejo e dai para a Ermita de San Lourenzo par pernoitar no refugio de montanha ali existente, neste dia fizemos cerca de 67 quilómetros e 1100 metros de acumulada. Passados poucos quilómetros de Albarracin encontramos a cascata de Colomarde que é absolutamente fantástica. 





Logo a seguir esperava-nos a subida pior do dia, que com esforço e perseverança lá a vencemos, porque com estas paisagens e espirito de superação não há subida que não se consiga fazer. 







 A chegada à nascente do Tejo, não foi só o ponto alto do dia, mas também um dos pontos altos de toda a viagem, 
um lugar carregado de simbolismo.
O rio Tejo nasce, na Serra de Albarracin, e termina o seu percurso, de 1100 Km, em Lisboa. O rio Tejo nasce a 1 593 m de altitude, no local conhecido como Fuente de García, no município espanhol de Frías de Albarracín, na província de Teruel. A sua fonte situa-se entre San Juan (1 830 m) e o cerro de San Felipe (1 839 m). No local tem umas esculturas dedicadas aos municípios da região. 










Daqui partimos para o refugio de montanha de San Lorenzo. N
os próximos 119 quilómetros não nos afastaremos muito dele. Embora a nascente esteja localizada na província de Teruel, todo o restante percurso passará pela província de Guadalajara, com uma das paisagens mais bonitas de toda a viagem. 














Ao quinto dia fomos do refugio de san Lorenzo ao refugio de Vado Salmeron numa distância de 64 quilómetros e cerca de 1000 metros de acumulada. 
O percurso ao lado do rio Tejo é brutal com pontes suspensas praias fluviais, onde de experimentou as águas gélidas do rio e com pequenas aldeias pitorescas. Mas sobretudo foi as formações rochosas que mais nos impressionou. No fim do dia o Fernando e os seus dotes culinários fez a janta vegan que estava do outro mundo, ou se calhar é porque a fome era tanta que até os vegetais sabiam a caviar. 

































No ultimo dia tinhamos apenas 24 quilometros e cerca de 400 metros de acumulada para chegar a Zoarejas. Mas com as mesmas paisagens lindas verdejantes e com o rio ao lado a dar-lhe mais encanto. 









Depois de 6 dias, cerca de 400 quilometros e 7.000 metros de acumulada, fiquei de alma. cheia pela viagem de bicicleta que fiz e até ao momento ser para mim a melhor. Pelas paisagens, pelo isolamento de se ver poucas pessoas, onde a rede de telemóvel era por poucos momentos e sobretudo porque sendo um amante da natureza  foi dos locais onde me senti em completa comunhão com a natureza, é um local onde a intervenção humana é pouca, onde se pode comtemplar manadas de veados, corsos, cavalos, animais domésticos, como grandes rebanhos de ovelhas e manadas de vacas, muitas aves de rapina, assim com grifos. Uma fauna e flora ainda tão natural e primitiva que talvez só se encontre em locais muito remotos desta Europa, um local que para quem gosta da natureza tem que lá ir nem que seja só por uma vez, porque todas as fotos que se possa tirar não mostra o esplendor de todas estas montanhas.
Uma viagem que me vai ficar na memoria para todo o sempre, por aquilo que vivi pela superação de viver 6 dias quase isolado do mundo e sobretudo pela companhia de um grande amigo e de uma nora que a considero como filha e que com estes momentos intensos e divertidos ainda nos una mais. A eles um eterno obrigado. 

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