Tal como para alimentar o corpo precisamos de nos alimentar,
para alimentar a alma e o nosso espirito, precisamos de acreditar e ter fé. As crenças e
fé são muito particulares, por isso chama-mos aquilo que acreditamos como
divino Deus, uma palavra no plural para que exactamente cada um de nós escolha
a sua fé e acredite naquilo que lhe parece melhor e mais espiritual.
Depois da doença da Manuela que para já, está tudo a correr bem e o gosto que temos por fazer grandes caminhadas, como os caminhos de Santiago, resolvemos desta vez fazer os caminhos de Fátima como agradecimento por tudo estar a correr dentro do planeado com a doença da Manuela. Com fé que vai continuar tudo a correr bem e porque se já tínhamos feito tantas vezes os caminhos de Santiago, era falha ainda não termos feito o nosso caminho de Fátima.
Resolvemos sair da casa na Agualva, com seis etapas para cumprir até Fátima, num total de cerca de 170 quilómetros.
Na primeira etapa ligámos Agualva ao Parque das Nações, num total de de 25 quilómetros em 6 horas.
Optamos por fazer o trajecto mais curto possível, seguindo por Massamá, Queluz, onde tomamos o pequeno almoço. Amadora, Venda Nova, Portas de Benfica, Colombo, Largo da Luz, atravessámos o 2ª circular na ponte da Galp, estádio universitário, Av. Brasil, Olivais e finalmente Parque das Nações, onde ficamos Albergados na Pousada da Juventude, que para o preço poderia ser um bocadinho melhor e depois ainda teve dois inconvenientes, que foi o chek-in muito tarde e o pequeno almoço servido só às 8 horas, o que nos fez começar a segunda etapa muito tarde.
Esta etapa não nos ofereceu grande entusiasmo, porque foi feita em zona muito urbana e sobejamente conhecida. Teve a particularidade de a fazermos a pé, quando o habitual é passarmos de automóvel e sempre deu para reparar em pequenos detalhes que de automóvel acabam por passar despercebidos. A outra particularidade foi o calor que nos fez sofrer um bocado.
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O inicio |
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Massamá |
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Monte Abraão |
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Queluz |
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Amadora |
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Portas de Benfica |
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Benfica |
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Benfica |
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Colombo |
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Igreja do Largo da Luz |
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Ponte da Galp sobre o 2ª Circular |
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Vale do silêncio Olivais |
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Parque das Nações |
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Parque das Nações |
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O percurso |
No segundo dia iniciámos a etapa na Pousada da Juventude do Parque das nações, um pouco à frente do quilometro zero onde se inicia os caminhos de Fátima que é no pavilhão do conhecimento. Com o destino de Vila Franca de Xira, num total de 33 quilómetros, feitos em 7.30 horas.
Por causa do pequeno almoço ser servido tarde na pousada, também iniciámos o caminho já muito tarde, por volta das 8.40 horas, o que depois fez com que apanhássemos muito calor e tornar-se a etapa mais dolorosa.
Esta etapa depois de passar o Parque das nações e já em Sacavém segue junto ao Rio Trancão num percurso agradável, flectindo depois para as margens do Rio Tejo inscrevendo-se num cenário marcado pela beleza da paisagem do estuário do Tejo, onde a água é povoada de mouchões ou pequenas ilhas e os afluentes e braços de rio formam os esteios que recortam as margens. Na frente ribeirinha, predominam as várzeas, onde se revelam os povoados e se mantém o eco-sistema natural da variada fauna e flora tradicional. As encostas formam uma moldura natural, com oliveiras centenárias, onde se desenha o casario pontuado de antigas quintas e onde se erguem igrejas, ermidas e fontanários. Esta jornada tem troços exclusivamente pedonais e troços mistos.
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Inicio na Pousada da Juventude |
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Parque das Nações |
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Parque das Nações |
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Passadiços do Parque das Nações |
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Ponte Vasco da Gama |
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Km 138 em Sacavém |
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Igreja de Sacavém |
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Rio Trancão |
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Passadiços da Povoa de Santa Iria |
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Flamingos no estuário do Tejo |
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Valadas |
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Alhandra |
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Alhandra |
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Alhandra |
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Igreja de Alhandra |
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Eco Pista de Vila Franca de Xira |
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Vila Franca de Xira |
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Ruas preparadas para as festas de Vila Franca de Xira |
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A tradição |
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O belo mercado de Vila Franca de Xira |
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O percurso |
A terceira etapa foi a mais curta mas a pior. Num percurso muito recto e com longas rectas desmotivantes, é feito num misto de paisagem da Lezíria do Tejo, sulcada por esteiros e valadas, onde se erguem freixos e canaviais, mas também por zonas muito industriais e com passagem em estradas se bem que secundárias, mas sem bermas pondo em perigo os peregrinos. Aliás nesses estradas apanhamos por duas vezes um valente susto por condutores sem o mínimo respeito por peões ou mesmo segurança rodoviária.
Esta etapa foi iniciada mais cedo, por volta das 7.30 horas, com uma distancia de 21 quilómetros em cerca de 5 horas e também ela debaixo de um calor abrasador, até a Azambuja, Vila que nos surpreendeu por ser muito pitoresca e com uma acentuada tradição traumática, valores que não apreciamos, mas que respeitamos. No fim fizemos um almoço alancharado com pratos típicos Ribatejanos, como o Torricado de Bacalhau, uma ode ao Campino já que o prato retracta a sua dura vivência, nomeadamente, quando os dias eram passados e dormidos no campo, sendo essencial o aproveitamento do pão que levavam consigo que, de duro passava a torrado e depois de esfregado com alho era regado com um fio de azeite e juntava-se o bacalhau.
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O inicio em Vila Franca de Xira |
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O amanhecer em Vila Franca de Xira |
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O nascer do sol |
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Contemplar o nascer do dia |
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Central termo eléctrica do Carregado |
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São só mais 100 Km |
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Chegados a Azambuja |
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Aposentos na Casa Rainha |
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Repasto tradicional Ribatejano |
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Igreja da Azambuja |
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Cegonhas |
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Parque infantil |
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O Percurso |
Entre Azambuja e Santarém, são cerca de 33 km e percorremo-los em aproximadamente 7.30 horas, começando por volta das 7.30 horas.
O Caminho continua sempre em plena Lezíria do Tejo, território onde predominam planícies banhadas pela água que irriga e fomenta a agricultura dos férteis campos. Muitas vezes, esta paisagem, de planície aluvionar, é compartimentada por sebes formadas por espécies indígenas.
Ao longo das margens do rio, onde freixos frondosos ensombram as margens, podem surgir aprazíveis praias fluviais. O fenómeno cíclico histórico que, devido às cheias, faz alterar as margens do rio e seus afluentes dá origem à construção de diques, imprime carácter a muitas aldeias e lugares, como Valada do Ribatejo, Reguengo do Alviela ou Porto de Muge. A partir daqui são 13 quilómetros sem um único ponto de água e neste dia com um calor abrasador de 31ºgraus, sem uma única sombra, pós à prova a nossa capacidade de resistência e resiliência. Foi já perto de Santarém que encontramos as primeiras peregrinas, que tinham começado os caminhos na Azambuja e já estavam muito cansada, ao ponto de mais tarde sabermos que uma delas tinha acabado por desistir.
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Inicio na Casa Rainha em Santarém |
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Nascer do dia |
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O caminho |
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Nascer do sol |
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Campos de cultivo |
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Diques |
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Praia fluvial |
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Relógio de sol |
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Ponte de Muge |
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Clássico por estas zonas |
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Hectares de plantação de coves |
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A nova sinalética dos caminhos |
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Já não falta tudo |
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Debaixo de 31º graus |
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Marco das marcas das cheias |
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Chegada a Santarém depois de um dia abrasador |
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Santarém |
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pormenor |
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O percurso |
Entre a cidade de Santarém e a povoação de Amiais de Baixo, no Município de Alcanena, são cerca de 30 quilómetros que percorremos em cerca de 7.00 horas.
Esta é uma jornada extensa e intensa e dá novo sentido e orientação geográfica ao Caminho, já que inflecte para o território montanhoso do maciço cársico, onde se localiza o Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros.
Em Amiais de Baixo foi onde tivemos o melhor descanso de todo o caminho. Ficamos no Hotel Amiribatejo, gerido pela Nelly e família, que são de uma simpatia enorme e muito prestáveis, ao ponto de nos ir levar o pequeno almoço à porta do quarto para podermos sair mais cedo. O Hotel foi construído pelo Pai da Nelly, que entretanto faleceu e hoje em dia ela tenta, dentro daquilo que o pai construiu aproveitar e rentabilizar da melhor maneira. O espaço é muito agradável com piscina e jardins muito bem cuidados. Para acabar jantamos no restaurante Tribo das Papoilas, onde comemos uma prato tradicional da região, que é Capado. Um cabrito que é capado logo à nascença e que com isso torna a carne muito saborosa e tenrinha.
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Inicio em Santarém |
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Graffit |
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Olival |
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Paisagem |
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Local mítico dos caminhos de Fátima |
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A tentar refrescar |
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Inicio de uma subida tramada |
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Assim se conta os quilómetros |
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Os tradicionais moinhos de vento De Chã de Cima |
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Paisagem |
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Chegada a Amiais de Baixo |
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No Hotel Amiribatejo |
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Maravilha |
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Na piscina |
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O descanso do guerreiro nos jardins do hotel |
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Ainda pensei em levar a Manuela até Fátima neste artefacto |
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O descanso da guerreira |
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No Tribo das Papoilas a comer Capado |
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O percurso |
Este último dia do Caminho, entre Amiais de Baixo e o Santuário de Fátima, tem cerca de 30 quilómetros e fizemo-lo em cerca de 7.00 horas.
O planalto da Serra de Santo António marca a transição para esta zona de declives acentuados, com serranias e penhascos, vales profundos e pequenas covas agrícolas. Este é também o território ancestral que separa e liga as planícies fluviais do Tejo ao Litoral. Neste ambiente de ruralidade, a agricultura e a pastorícia tradicional também marcam a paisagem humanizada com os tradicionais muros de pedras que limitam propriedades e protegem rebanhos e manadas, bem como os inesperados abrigos de pastores construídos totalmente e artesanalmente em pedra.
A natureza é sempre dominante, com as suas formas e configurações naturais, com destaque para as conhecidas grutas e lapas, mas também para os insólitos campos de lapiaz ou o acentuado polje de Mira-Minde. Este primeiro percurso fizemo-lo com relativa facilidade, porque saímos muito cedo e a subida da serra fez-se pela fresquinha.
O Caminho prossegue agora pelo território das Serras de Aire e Candeeiros. Neste cenário, ao longo de serranias desertas, emergem pequenas covas com aproveitamento agrícola ou mesmo covões, em cujas vertentes se formaram os povoados.
Desde Minde e até ao Covão do Coelho, é uma subida longa e que nos custou por causa do calor. Ao chegar aqui já o resto do percurso é mais fácil em termos de declive, mas devido ao cansaço acumulado, até chegarmos ao Santuário foi doloroso e ainda por cima eu tinha lesionado um pé e até ao fim tive que suportar uma dor intensa a cada passo.
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O inicio do ultimo dia |
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Monsanto |
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Monsanto |
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Monsanto |
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Igreja de Monsanto |
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Paisagem |
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Covão de Feto antes da subida para a Serra de Santo António |
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A subida |
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A subida |
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Paisagem tipica |
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A vista para Minde do alto da Serra de Santo António |
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A descansar |
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Descida para Minde |
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Igreja de Minde |
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Minde |
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Os mais difíceis |
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Fé |
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Nesta altura não era água era ouro |
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Cansada mas feliz |
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Local mítico já perto de Fátima |
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Momento intenso |
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A gratidão |
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Gratidão |
E é esta a palavra que me fica desta jornada "GRATIDÃO". Da vida só levamos connosco o que vivemos e o que vivemos intensamente. Esta peregrinação de seis dias intensos de sentimentos e amor pela pessoa e com a pessoa das mais importantes para mim, o meu grande amor, foi marcante e inesquecível. Fi-lo por ela, por mim, por meus filhos e netas, ao lado da Grande Manuela que tem sido uma mulher de coragem, resiliência e de uma força sobrenatural. Tenho a certeza que a Virgem Maria vai proteger este mulher por tudo o que ela é e porque na verdade se existem pessoas que merecem ela é uma delas.
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