domingo, 9 de outubro de 2022

Caminhos de Fátima

Tal como para alimentar o corpo precisamos de nos alimentar, para alimentar a alma e o nosso espirito, precisamos de acreditar e ter fé. As crenças e fé são muito particulares, por isso chama-mos aquilo que acreditamos como divino Deus, uma palavra no plural para que exactamente cada um de nós escolha a sua fé e acredite naquilo que lhe parece melhor e mais espiritual.

Depois da doença da Manuela que para já, está tudo a correr bem e o gosto que temos por fazer grandes caminhadas, como os caminhos de Santiago, resolvemos desta vez fazer os caminhos de Fátima como agradecimento por tudo estar a correr dentro do planeado com a doença da Manuela. Com fé que vai continuar tudo a correr bem e porque se já tínhamos feito tantas vezes os caminhos de Santiago, era falha ainda não termos feito o nosso caminho de Fátima. 

Resolvemos sair da casa na  Agualva, com seis etapas para cumprir até Fátima, num total de cerca de 170 quilómetros.
Na primeira etapa ligámos Agualva ao Parque das Nações, num total de de 25 quilómetros em 6 horas. 
Optamos por fazer o trajecto mais curto possível, seguindo por Massamá, Queluz, onde tomamos o pequeno almoço. Amadora, Venda Nova, Portas de Benfica, Colombo, Largo da Luz, atravessámos o 2ª circular na ponte da Galp, estádio universitário, Av. Brasil, Olivais e finalmente Parque das Nações, onde ficamos Albergados na Pousada da Juventude, que para o preço poderia ser um bocadinho melhor e depois ainda teve dois inconvenientes, que foi o chek-in muito tarde e o pequeno almoço servido só às 8 horas, o que nos fez começar a segunda etapa muito tarde.  

Esta etapa não nos ofereceu grande entusiasmo, porque foi feita em zona muito urbana e sobejamente conhecida. Teve a particularidade de a fazermos a pé, quando o habitual é passarmos de automóvel e sempre deu para reparar em pequenos detalhes que de automóvel acabam por passar despercebidos. A outra particularidade foi o calor que nos fez sofrer um bocado. 

O inicio 

     
Massamá 

Monte Abraão 

Queluz 

Amadora 
Portas de Benfica 
  
Benfica
Benfica 
 
Colombo 

Igreja do Largo da Luz 

Ponte da Galp sobre o 2ª Circular 

Vale do silêncio Olivais 

Parque das Nações 

Parque das Nações 

O percurso 



No segundo dia iniciámos a etapa na Pousada da Juventude do Parque das nações, um pouco à frente do quilometro zero onde se inicia os caminhos de Fátima que é no pavilhão do conhecimento. Com o destino de Vila Franca de Xira, num total de 33 quilómetros, feitos em 7.30 horas. 

Por causa do pequeno almoço ser servido tarde na pousada, também iniciámos o caminho já muito tarde, por volta das 8.40 horas, o que depois fez com que apanhássemos muito calor e tornar-se a etapa mais dolorosa. 

Esta etapa depois de passar o Parque das nações e já em Sacavém segue junto ao Rio Trancão num percurso agradável, flectindo depois para as margens do Rio Tejo inscrevendo-se num cenário marcado pela beleza da paisagem do estuário do Tejo, onde a água é povoada de mouchões ou pequenas ilhas e os afluentes e braços de rio formam os esteios que recortam as margens. Na frente ribeirinha, predominam as várzeas, onde se revelam os povoados e se mantém o eco-sistema natural da variada fauna e flora tradicional. As encostas formam uma moldura natural, com oliveiras centenárias, onde se desenha o casario pontuado de antigas quintas e onde se erguem igrejas, ermidas e fontanários. Esta jornada tem troços exclusivamente pedonais e troços mistos. 

Inicio na Pousada da Juventude 

Parque das Nações 

Parque das Nações 

Passadiços do Parque das Nações 

Ponte Vasco da Gama 

Km 138 em Sacavém 

Igreja de Sacavém 

Rio Trancão 

Passadiços da Povoa de Santa Iria 

Flamingos no estuário do Tejo 

Valadas  

Alhandra 

Alhandra 

Alhandra 

Igreja de Alhandra  

Eco Pista de Vila Franca de Xira

Vila Franca de Xira 

Ruas preparadas para as festas de Vila Franca de Xira 

A tradição 

O belo mercado de Vila Franca de Xira 

O percurso 


A terceira etapa foi a mais curta mas a pior. Num percurso muito recto e com longas rectas desmotivantes, é feito num misto de paisagem da Lezíria do Tejo, sulcada por esteiros e valadas, onde se erguem freixos e canaviais, mas também por zonas muito industriais e com passagem em estradas se bem que secundárias, mas sem bermas pondo em perigo os peregrinos. Aliás nesses estradas apanhamos por duas vezes um valente susto por condutores sem o mínimo respeito por peões ou mesmo segurança rodoviária. 

Esta etapa foi iniciada mais cedo, por volta das 7.30 horas, com uma distancia de 21 quilómetros em cerca de 5 horas e também ela debaixo de um calor abrasador, até a Azambuja, Vila que nos surpreendeu por ser muito pitoresca e com uma acentuada tradição traumática, valores que não apreciamos, mas que respeitamos. No fim fizemos um almoço alancharado com pratos típicos Ribatejanos, como o Torricado de Bacalhau, uma ode ao Campino já que o prato retracta a sua dura vivência, nomeadamente, quando os dias eram passados e dormidos no campo, sendo essencial o aproveitamento do pão que levavam consigo que, de duro passava a torrado e depois de esfregado com alho era regado com um fio de azeite e juntava-se o bacalhau. 

O inicio em Vila Franca de Xira 

O amanhecer em Vila Franca de Xira 

O nascer do sol 

Contemplar o nascer do dia  

Central termo eléctrica do Carregado 

São só mais 100 Km

Chegados a Azambuja 

Aposentos na Casa Rainha 

Repasto tradicional Ribatejano 

Igreja da Azambuja 

Cegonhas 

Parque infantil 

   
O Percurso 


Entre Azambuja e Santarém, são cerca de 33 km e percorremo-los em aproximadamente 7.30 horas, começando por volta das 7.30 horas. 

O Caminho continua sempre em plena Lezíria do Tejo, território onde predominam planícies banhadas pela água que irriga e fomenta a agricultura dos férteis campos. Muitas vezes, esta paisagem, de planície aluvionar, é compartimentada por sebes formadas por espécies indígenas.

Ao longo das margens do rio, onde freixos frondosos ensombram as margens, podem surgir aprazíveis praias fluviais. O fenómeno cíclico histórico que, devido às cheias, faz alterar as margens do rio e seus afluentes dá origem à construção de diques, imprime carácter a muitas aldeias e lugares, como Valada do Ribatejo, Reguengo do Alviela ou Porto de Muge. A partir daqui são 13 quilómetros sem um único ponto de água e neste dia com um calor abrasador de 31ºgraus, sem uma única sombra, pós à prova a nossa capacidade de resistência e resiliência. Foi já perto de Santarém que encontramos as primeiras peregrinas, que tinham começado os caminhos na Azambuja e já estavam muito cansada, ao ponto de mais tarde sabermos que uma delas tinha acabado por desistir. 


Inicio na Casa Rainha em Santarém 

Nascer do dia 

O caminho 

Nascer do sol 

Campos de cultivo 

Diques 

Praia fluvial 

Relógio de sol 

Ponte de Muge 

Clássico por estas zonas  

Hectares de plantação de coves 
A nova sinalética dos caminhos 

Já não falta tudo 

Debaixo de 31º graus 

Marco das marcas das cheias 

Chegada a Santarém depois de um dia abrasador 

Santarém 

pormenor 

O percurso 

Entre a cidade de Santarém e a povoação de Amiais de Baixo, no Município de Alcanena, são cerca de 30 quilómetros que percorremos em cerca de 7.00 horas. 

Esta é uma jornada extensa e intensa e dá novo sentido e orientação geográfica ao Caminho, já que inflecte para o território montanhoso do maciço cársico, onde se localiza o Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros.

Em Amiais de Baixo foi onde tivemos o melhor descanso de todo o caminho. Ficamos no Hotel Amiribatejo, gerido pela Nelly e família, que são de uma simpatia enorme e muito prestáveis, ao ponto de nos ir levar o pequeno almoço à porta do quarto para podermos sair mais cedo. O Hotel foi construído pelo Pai da Nelly, que entretanto faleceu e hoje em dia ela tenta, dentro daquilo que o pai construiu aproveitar e rentabilizar da melhor maneira. O espaço é muito agradável com piscina e jardins muito bem cuidados. Para acabar jantamos no restaurante Tribo das Papoilas, onde comemos uma prato tradicional da região, que é Capado. Um cabrito que é capado logo à nascença e que com isso torna a carne muito saborosa e tenrinha.  

Inicio em Santarém 

Graffit 

Olival 

Paisagem 

Local mítico dos caminhos de Fátima 

A tentar refrescar 

Inicio de uma subida tramada 

Assim se conta os quilómetros 

Os tradicionais moinhos de vento De Chã de Cima 

Paisagem 

Chegada a Amiais de Baixo 

No Hotel Amiribatejo 

Maravilha 

Na piscina 


O descanso do guerreiro nos jardins do hotel 

Ainda pensei em levar a Manuela até Fátima neste artefacto 

O descanso da guerreira 



No Tribo das Papoilas a comer Capado 

O percurso 


Este último dia do Caminho, entre Amiais de Baixo e o Santuário de Fátima, tem cerca de 30 quilómetros e fizemo-lo em cerca de 7.00 horas.

O planalto da Serra de Santo António marca a transição para esta zona de declives acentuados, com serranias e penhascos, vales profundos e pequenas covas agrícolas. Este é também o território ancestral que separa e liga as planícies fluviais do Tejo ao Litoral. Neste ambiente de ruralidade, a agricultura e a pastorícia tradicional também marcam a paisagem humanizada com os tradicionais muros de pedras que limitam propriedades e protegem rebanhos e manadas, bem como os inesperados abrigos de pastores construídos totalmente e artesanalmente em pedra.
A natureza é sempre dominante, com as suas formas e configurações naturais, com destaque para as conhecidas grutas e lapas, mas também para os insólitos campos de lapiaz ou o acentuado polje de Mira-Minde. Este primeiro percurso fizemo-lo com relativa facilidade, porque saímos muito cedo e a subida da serra fez-se pela fresquinha. 

O Caminho prossegue agora pelo território das Serras de Aire e Candeeiros. Neste cenário, ao longo de serranias desertas, emergem pequenas covas com aproveitamento agrícola ou mesmo covões, em cujas vertentes se formaram os povoados.

Desde Minde e até ao Covão do Coelho, é uma subida longa e que nos custou por causa do calor. Ao chegar aqui já o resto do percurso é mais fácil em termos de declive, mas devido ao cansaço acumulado, até chegarmos ao Santuário foi doloroso e ainda por cima eu tinha lesionado um pé e até ao fim tive que suportar uma dor intensa a cada passo.

O inicio do ultimo dia 

Monsanto 

Monsanto 

Monsanto 



Igreja de Monsanto 

Paisagem 

Covão de Feto antes da subida para a Serra de Santo António 

A subida 

A subida 

Paisagem tipica 

A vista para Minde do alto da Serra de Santo António 

A descansar 

Descida para Minde 

Igreja de Minde 

Minde 

Os mais difíceis 

Fé 

Nesta altura não era água era ouro 

Cansada mas feliz 

Local mítico já perto de Fátima 

Momento intenso 

A gratidão 

Gratidão 

E é esta a palavra que me fica desta jornada "GRATIDÃO". Da vida só levamos connosco o que vivemos e o que vivemos intensamente. Esta peregrinação de seis dias intensos de sentimentos e amor pela pessoa e com a pessoa das mais importantes para mim, o meu grande amor, foi marcante e inesquecível. Fi-lo por ela, por mim, por meus filhos e netas, ao lado da Grande Manuela que tem sido uma mulher de coragem, resiliência e de uma força sobrenatural. Tenho a certeza que a Virgem Maria vai proteger este mulher por tudo o que ela é e porque na verdade se existem pessoas que merecem ela é uma delas. 




 






















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