quarta-feira, 10 de maio de 2017

Grande Rota do Zêzere



Ao longo de 370 Km, a GRZ- Grande Rota do Zêzere, acompanha o Rio Zêzere desde a nascente, na Serra da Estrela, até à foz, em Constância, onde encontra o Rio Tejo.
O vale do Rio Zêzere é uma das unidades territoriais que compõem o território das Aldeias do Xisto e uma da áreas naturais de maior diversidade ambiental do país. Os 370 Km de extensão da GRZ percorrem 13 concelhos e unem importantes marcas nacionais: Serra da Estrela, Aldeias do Xisto, Castelo de Bode e Rio Tejo.


Nunca uma aventura me levou tão ao limite das minhas capacidades físicas e psicológicas como esta. Foram mais de 8.000 metros de acumulada a subir, num constante sobe e desde de planos vertiginosos ao clima que foi desde temperaturas negativas com neve à mistura a dias de 30º graus. Somando a isto o peso dos alforges nas bicicletas com todo o material necessário para percorremos a rota em autonomia, as nossas capacidades foram muitas vezes ao limite. Para piorar a situação o isolamento e a falta de locais para nos abastecer foi outro problema acrescido. Houve dias que tivemos que sair da rota por vários quilómetros para nos abastecer.

No entanto todo isto é sobejamente compensado com paisagens de cortar a respiração. Talvez tenha passado por locais dos mais bonitos do Continente Português. O percurso da GRZ percorre uma variedade de cenários, onde é possível apreciar a riqueza da fauna e flora da região, bem como a paisagem humanizada que se foi estabelecendo ao longo das suas margens. Natureza e cultura humana mesclam-se em matizes surpreendentes ao longo do trajecto, revelando um dos segredos mais bem escondidos de Portugal. Acrescentando a isto o companheirismo dos meus amigos Carlos, João Perdigão e o estreante Lopes, fizeram desta aventura uma coisa inesquecível com momentos de grande intensidade e que fica como recordação para o resto da vida.

A aventura iniciou-se no domingo dia 30 de Abril com a viagem para o Covão d'Ametade, onde se inicia a rota. Fomos almoçar à casa do amigo Nuno em Mação e daí partimos de carro para a Serra de Estrela para depois o Nuno voltar sozinho para baixo e deixar o carro em Constância.

Inicio da Viagem 
Ao Chegarmos ao Covão d'Ametade fomos presenteados com temperaturas negativas e neve, com uma noite pela frente a dormir em tendas, vimos a coisa mal parada, mas como nestas aventuras a capacidade de desenrasque tem que ser muita, lá conseguimos entrar num edifício abandonado e assim passarmos a noite com menos frio. Sim porque frio sentimos na mesma ao ponto de ter que me embrulhar numa manta térmica de sobrevivência. 

A chegar ao Covão d'Ametade
Vale Glaciar 


A Nevar 
O edifício que nos protegeu do frio 
O Acampamento dentro do edifício 
No dia seguinte acordamos com um dia de sol radiante, mas com muito frio. Tínhamos planeado uma etapa de 64 KM até ao parque de campismo de Trotosendo. A primeira parte foi a mais difícil por causa da descida até Manteigas. O frio era tanto que tivemos que a descer muito devagar e bem agasalhados. Das poucas avarias que nos aconteceu, aqui foi logo a primeira. Aos 6 Km do inicio o suporte da bagagem do Carlos partiu. 

Este percurso é brutal e seria difícil escolher melhor local para o inicio desta grande rota do que o espectacular Covão d'Ametade com o vale glaciar do Zêzere logo a seguir. 

O Covão d’Ametade, outrora uma pastagem cerval, representa uma depressão de origem glaciar que foi arborizada com vidoeiros ao longo das margens do rio. É um cenário paradisíaco carregado de sentimento bucólico e poético. São três os Cântaros que se erguem em torno do Covão d´Ametade: o Cântaro Raso, mais a sul; o Cântaro Magro, central e emblemático de toda a Serra da Estrela; e o Cântaro Gordo, a norte.

O rio Zêzere nasce junto à Torre, a cerca de 1993 metros de altitude, precipita-se por entre as paredes íngremes dos Cântaros e começa a ganhar forma no Covão d´Ametade, onde se passeia com sobeja vaidade. Com mais de 10km de extensão, o Vale Glaciar do Zêzere apresenta-se bem moldado, em forma de «U», expurgando água por todos os seus poros.

Os preparativos para a partida
Covão d'Ametade
Covão d'Ametadear 
Inicio no Covão d'Ametade 
Constância a 370 KM
E assim ficava o maciço central para trás 
Na descida para Manteigas 
A primeira avaria 
Manteigas 
A partir deste ponto a GRZ sai da Vila de Manteigas para continuar na margem direita do Zêzere num caminho em balcão, entre faias e carvalhos, com espectaculares vistas sobre o Sameiro e o Vale do Zêzere. Ainda antes de chegar a Vale da Amoreira a GRZ passa pela Praia Fluvial do Sameiro onde se encontra igualmente o Parque de Campismo e o Skiparque.

A caminho do Skiparque
A caminho do Skiparque
A companheira numa pequena pausa 
Skiparque
Faias 
Após o atravessamento da aldeia de Vale de Amoreira, a GRZ segue pela EN 232 junto ao rio e ao lado de campos de cultivo. Seguindo o percurso principal a GRZ atravessa a vau o Zêzere para a sua margem direita, para depois atravessar igualmente a vau um dos seus primeiros afluentes (Ribeira de Beijames) antes de subir a encosta, na direcção da Praia Fluvial de Valhelhas. Banhada pelas águas calmas, límpidas e frescas do Rio Zêzere e marginada de frondosos choupos, amieiros, freixos e salgueiros, a Praia Fluvial de Valhelhas proporciona aos seus visitantes a contemplação de toda a envolvente natural existente num dos sublimes recantos do Parque Natural da Serra da Estrela.
O rio Zêzere em Vale da Amoreira 
Valhelhas
O rio em Velhelhas
Praia fluvial de Valhelhas 
Ponte Filipina de Velhelhas
Pouco depois da ponte Filipina entrámos nos pomares de pêssego que caracterizam esta zona. Ao entrar no concelho da Covilhã volta o percurso a tocar momentaneamente a EN 232, continuando depois por entre pomares e quintas amuralhadas até Vale Formoso. Aqui tivemos que fazer um desvio até ao centro de Vale Formoso para almoçarmos no único café existente na localidade e ainda por cima depois de uma bela subida até lá a única refeição que tinham para servir era pizzas.


Nos pomares de pêssegos
A caminho de Vale Formoso com Belmonte ao fundo 
Igreja de Vale Formoso
Saindo deste local, a GRZ atravessa duas estradas de acesso a aldeias desta encosta antes de entrar na escola profissional da quinta da Lageosa. Mantendo a direção, o percurso aproxima-se agora da localidade de Orjais ainda antes de atravessar a EN 18 e passar para a margem esquerda do Zêzere. Deixando novamente o alcatrão e acompanhando o rio ao longo dos pomares atravessa-o novamente para encontrar o parque de Merendas da Borralheira de Orjais.
Campos de cultivo com a serra ao fundo

Campos de cultivo
A Ponte que atravessa o rio para a margem esquerda
Mantendo-se na margem direita do rio, a GRZ aproxima-se da linha férrea que acompanha ao longe, para a atravessar pouco depois e dirigir-se para sul através de estradas florestais com uma vista alargada sobre a Cova da Beira. Após atravessar o acesso à autoestrada por passagem inferior, o percurso chega novamente a uma estrada de alcatrão que o leva à ponte de Alvares.
ponte de Alveres 
Pausa para a foto
O rio


Linha férrea 
Após atravessar o rio, a GRZ aproxima-se da autoestrada pela estrada de alcatrão. Seguindo agora por estradas de terra, o percurso acompanha-a e possibilitando-nos uma perspectiva distante sobre a encosta sul da Serra da Estrela. Após deixar a proximidade da A23 encontra pouco depois o parque de campismo do Tortosendo, já na margem do rio.

A caminho de Tortosendo com a encosta sul de serra da Estrela 
O jantar em Trotosendo
As mãos do Lopes depois do primeiro dia  
Neste segundo dia tínhamos uma etapa programada de 55 Km com mais de 800 metros de acumulada, mas o pior foi o calor que se fez sentir, chegando aos 30º graus. 

Deixando o Parque de campismo, o percurso atravessa a Ponte Pedrinha e acompanha o alcatrão até à entrada do acesso à A23. Daqui, a GRZ mantém-se perto do rio, passando primeiro ao lado do Parque Industrial do Tortosendo, onde fizemos um desvio para tomarmos o pequeno almoço e depois por baixo da linha férrea, para seguir por caminhos agrícolas ao longo da margem até ao Peso, cruzando antes a estrada de acesso ao Dominguizo.

Ponte da linha férrea
No parque industrial de trotosendo
Campos agrícolas
Peso 
Pequeno percalço no caminho 
Saindo de Peso pela estrada de alcatrão em direção ao Fundão, a GRZ atravessa o Zêzere e, cerca de 1400 metros depois, sai para estradas agrícolas que percorrem esta margem separando os férteis campos do rio, até chegar ao Pesinho. Aqui acompanha a estrada principal para mudar novamente de margem e chegar ao Barco.
A caminho de Barco
Cova da Beira
o Rio com Peso em plano de fundo


O rio na travessia para Barco 
Saindo desta localidade por uma estrada secundária, em terra batida, que faz a ligação ao Ourondo, o percurso inicia uma subida que progressivamente nos oferece vistas mais amplas sobre o rio. Atingido o ponto mais alto desta subida depara-se-nos uma janela para a história destas comunidades. 

Em Ourondo lá tivemos que fazer mais um desvio e subir até Silvares para almoçar, porque mais uma vez na rota e por estas bandas não existe nada para nos abastecer. 

A  caminho de Ourondo
Depois da subida de Ourondo
Silvares
Depois de almoço voltámos ao percurso que se aproxima do rio Zêzere para acompanhar a margem ao longo dos campos agrícolas que o bordejam. Começando por estradas com alguma acessibilidade, irá depois enveredar por veredas ancestrais mantendo-se a curta distância do rio. Saindo destas veredas leva-nos até à ponte do Cabeço do Pião.

A caminho do Cabeço do Pião
A caminho do cabeço do Pião
Caminhos ancestrais dos carros de bois 
O percurso aqui segue a meia encosta na margem esquerda do rio. A montante vêem-se as escombreiras das Minas da Panasqueira (Cabeço do Pião). Aqui o rio inicia o seu troço mais sinuoso e entrançado. Passando as escombreiras mais a sul, rapidamente se aproxima da aldeia da Barroca.

Minas da Panasqueira 
O rio ao longo das minas
O Percurso nas escombreiras 
Escombreiras 
Escombreiras 
Cerca de 300 metros adiante, a GRZ inicia a descida em direcção ao rio. Após passar pela Estação Intermodal voltará a receber a companhia de uma pequena rota na travessia da ponte pedonal sobre o Zêzere. O percurso segue em frente, passando por um Leitor de Paisagem próximo de uma pequena barragem. Após cruzar uma zona de lameiros e hortas segue pela estrada em direcção a Dornelas do Zêzere.
A pisage fantástica das aldeias de Xisto 
A caminho de Dornelas do Zêzere
Dornelas do Zêzere
Ponte pedonal
A travessia sobre o Zêzere no açude de Dornelas deve ser efectuada com cuidado, em particular durante os períodos chuvosos. Em caso de impossibilidade de passagem, existe uma derivação do percurso principal que utiliza a ponte rodoviária e segue em direcção ao Alqueidão. A partir desta localidade, quase sempre na proximidade da sua margem esquerda e com passagem por um parque de merendas, o percurso acompanha o rio durante 8,5 km. Após esta distância a GRZ irá utilizar a berma da estrada para, percorridos mais 1000 metros, chegar à localidade de Janeiro de Cima. 
A Caminho de Janeiro de Cima
A caminho de Janeiro De Cima 


A  caminho de Janeiro de Cima
Na área de descanso 
Janeiro de Cima  
Chegado ao cimo de uma colina, o percurso toma um caminho mais largo e segue em frente e quase paralelo ao rio. 1 km percorrido vai até Janeiro de Baixo. Nas imediações da ponte rodoviária entra em caminho de terra para mais à frente realizar um pequeno troço comum também à PR4 PPS. De volta à estrada, será por esta que irá chegar a Janeiro de Baixo e em conjunto com as outras duas rotas contornar o parque de campismo em direcção à praia fluvial.
Aqui foi onde ficámos neste dia, um local paradisíaco e gerido por um casal simpático que trocou a vida da cidade pela calma e serenidade da vida do interior. Aproveitámos os preços baixos da época e ficámos num bungalow para descansarmos melhor e recuperar forças.Como não podia deixar de ser aproveitámos a fantástica praia fluvial para darmos uns mergulhos neste dia em que apanhámos muito calor.  


Praia fluvial de Janeiro de Baixo
Praia fluvial de Janeiro de Baixo
Bungalow
Praia fluvial de Janeiro de Baixo
Mergulho nas águas frias de Zêzere 
No dia seguinte e ao terceiro na GRZ, sabíamos que tínhamos um dia duro pela frente,com 69 Km e 2.300 metros de acumulada. Quando estava a organizar a aventura percebi logo que este dia ia ser muito difícil, mas não tive a percepção das inclinações acentuadas das subidas e por isso tivemos que a dada altura sair da rota e fazer uns quilómetros por estrada para conseguirmos chegar a Pedrogão já ás 8 da noite. 
Depois de um pequeno almoço bem servido iniciámos a viagem e a uma centena de metros adiante, junta-se à GRZ o caminho do xisto PR4 PPS, para em conjunto atingirem o local conhecido por Antro dos Penedos. Na linha do horizonte fica uma das mais belas paisagens de toda a Grande Rota do Zêzere - juntando os dois Janeiros, o de Cima e o de Baixo, a Serra do Machialinho e os Meandros do Zêzere, que são classificados como geosítio pela Unesco. Cerca de 500 metros abaixo, a PR4 PPS afasta-se da GRZ, prosseguindo por mais 1 km até Admoço.

Inicio do dia 
Pequeno almoço reforçado
Inicio da rota 
Janeiro de Cima e de Baixo
Antro dos Penedos ou garganta do Zêzere
Antro dos Penedos
A caminho de Admoço
A caminho de Admoço
A rota continua paralelo ao rio e em estradas pouco movimentadas. Após cerca de 3,5 km, o percurso passa próximo da Ponte de Cambas (à esquerda), que durante muitos anos foi a única ligação nas redondezas entre o distrito de Castelo Branco e o de Coimbra. Após poucas centenas de metros abandona a estrada nacional para descer para a Praia Fluvial de Cambas, local onde se encontra uma Estação Intermodal. Mais 500 metros percorridos e chega à localidade com o mesmo nome.

Ponte de Cambas
Vista da Ponte de Cambas
Praia fluvial de Cambas
Após a passagem para a margem esquerda do Rio Zêzere, a GRZ segue na berma da estrada, para a abandonar depois de 1500 metros percorridos e entrar em caminho florestal. Percorrido 1km praticamente plano e paralelo ao rio, a GRZ inicia uma subida com um plano muito acentuado, daquelas de romper pernas, que nos levou a Roucos de Baixo e de Cima. Após ligeira descida, o percurso volta a subir agora em direcção a Abitureira, onde chegamos com os bofes de fora.

Ainda à pouco estávamos ao pé dele e agora já o estamos a ver lá em baixo
Já não falta tudo para Abitureira
A caminho de Abitureira
Cerca de 1500 metros após iniciar a descida, o percurso passa nas Felgueiras e prossegue em direcção à bela ponte filipina vulgarmente conhecida como Ponte das Felgueiras onde encontrámos uma Área de Descanso e um Leitor de Paisagem.
Felgueiras, mais uma povoação abandonada 
Ponte Filipina de Felgueiras
Cascata junto à ponte Filipina
Área de descanso 


Após a subida, segue-se um troço de cerca de 2 km em largo caminho de terra batida que irá conduzir à entrada da Gaspalha e a seguir desce em caminho de terra até cruzar a estrada nacional nas imediações da Ponte de Álvaro. Adiante irá tomar a estrada paralela ao rio, em direcção à praia fluvial, onde aproveitámos para tomar um belo banho e almoçarmos, sim porque neste dia não quisemos voltar arriscar e fazer vários quilómetros de desvio para almoçar e abastecemos-nos em Janeiro de Baixo para fazer um almoço volante.

Vista para a praia fluvial de Álvaro 
Ponte de Álvaro
Praia fluvial de Álvaro
Banhoca 
Área de descanso 
Depois de subirmos para Álvaro numa subida bastante inclinada a GRZ abandona a localidade e acompanha o Caminho do Xisto de Álvaro - (Mui Nobre Villa) e passando pela Capela de São Sebastião e a ponte Romana sobre a ribeira de Alvélos. Após a subida encontra à esquerda, a Capela de São Pedro. Assim que o Caminho do Xisto, abandona a GRZ, o percurso segue em direcção a uma das mais belas paisagens da zona.

A vista de Álvaro para a praia
Álvaro
Ponte Romana
Paisagens
De Álvaro até Sobral a paisagem é muito bonita e daqui o troço da GRZ é composto por duas partes distintas. A primeira decorre integralmente na berma da estrada e, após a descida inicial, cruza dois cursos de água. Na segunda parte, e após a travessia da ponte sobre a ribeira da Madeirã, o percurso inicia uma longa subida. Parte deste trajecto decorre em caminho florestal e conduz à povoação da Madeirã.

Subida para Madeirã
Madeirã
Madeirã
A partir daqui e porque o dia já ia longo e o cansaço já era muito depois de tanta acumulada, decidimos fazer o resto dos quilómetros até Pedrogão pela N350.

Aproximação há barragem de Cabril
Parque de campismo de Pedrogão
Depois de um dia cansativo e para cumulo, quando chegámos ao parque a senhora da recepção só apareceu passado quase uma hora depois. Aqui também aproveitámos para descansar melhor e ficámos num bungalow, mas como não há duas sem três, depois de nos instaláramos descobrimos que o único restaurante ficava em Pedrogão Grande a cerca de 3km, que tivemos que fazer a pé para jantar. Quando lá chegámos já estava tudo fechado, mas por sorte encontrámos um taxista que telefonou para um amigo dono de um restaurante e lá conseguimos desta forma jantar. Este dia acabou já tarde, mas são estas coisas que fazem destas aventuras experiências únicas e inesquecíveis. 

No dia seguinte e depois de passarmos novamente pela barragem de Cabril dirigimos-nos para uma estrada romana, única via terrestre existente até 1954 para a ligação das margens do rio Zêzere. Descendo esta ziguezaguente via, 200 metros acima da ponte filipina, as vistas são brutais e de uma rara beleza.

Neste dia o cansaço acumulado já era tanto que dos 64 Km programados só conseguimos fazer cerca de 40 Km até à Foz de Alge e porque também neste dia as subidas foram muito duras.  

Inicio do dia 
Paredão da Barragem de Cabril 
Caminho Romano 
Ponte Filipina
Ponte Filipina
Paisagem 
Depois da ponte, percorridos cerca de 250 metros e passar nas proximidades do Penedo Granada, o percurso entrará numa acentuada descida, em piso muito irregular, que irá conduzir à Ribeira de Pera junto à sua foz. Após atravessar por ponte pedonal e passar junto aos Moinhos de Rodízio, a GRZ inicia uma subida que levámos cerca de 2 horas para a fazer. Foi o troço mais difícil de toda a rota. Os próximos 3,7 km são percorridos perto do rio do qual progressivamente  aproximamos-nos de uma Área de Descanso.

Ponte pedonal
Ribeira de Pera
A subida

Do alto da subida
Do alto da subida
A caminho da área de descanso
Vista da área de descanso
A seguir o troço da GRZ nunca se afasta do rio Zêzere, aqui transformado -se em albufeira por acção da Barragem da Bouçã. O afastamento de povoações e o contacto intenso com a natureza que caracteriza a GRZ no concelho do Pedrógão Grande, faz com que se deva ponderar o abandono temporário da GRZ no final deste troço para abastecimento, visto que na rota não há pontos de abastecimento. No nosso caso e porque já eram 3.30H da tarde e estávamos sem mantimentos e sem água somos obrigados a subir para Atalaia, onde só se encontra uma taberna que basicamente só vende cerveja e vinho. E uma mercearia onde comprámos umas latas de atum e uns frascos de feijão para fazermos o almoço. 

Barragem de Bouçã
Atalaia
Depois de almoço ainda houve que fazer o curativo ao Lopes
Depois de descermos para a barragem de Bouçã o percurso segue pele estrada que ladeia o Rio Zêzere, durante cerca de 1400 metros, após os quais entra num caminho florestal, que desce em direcção ao rio. Mantendo-se nas proximidades deste durante cerca de 1000 metros, volta a afastar-se para vencer uma pequena elevação, após a qual toma o caminho à esquerda que leva até aos penedos da Prudência e ao local onde as águas da Ribeira com o mesmo nome encontram o Zêzere.

Depois da subida para os Penedos
Vista dos Penedos
Vista dos penedos
A descida vertiginosa dos Penedos
Prudência 
Após atravessada uma pequena ponte sobre a ribeira, o percurso toma o caminho à esquerda e volta a aproximar-se do Zêzere o qual acompanha até à Cova da Eira, local onde se situa uma Estação Intermodal. Aqui segue em direção à ponte, onde atravessa a Ribeira de Alge, contemplando as antigas ferrarias da Foz de Alge. De seguida, sobe pela estrada municipal até à aldeia da Foz de Alge, onde se encontra o Parque de Campismo.

A ponte da ribeira de Prudência
Vista da ponte da ribeira de Alge
Parque de campismo da Foz de Alge
Praia fluvial da Foz de Alge
O estandal montado
No dia seguinte começamos a rota sem saber bem até onde conseguíamos ir, visto que no dia anterior só tínhamos feito cerca de 40km dos 64Km programados. Mas ao longo do percurso conseguimos fazer alguns desvios por estrada e assim atingirmos a meta desse dia que era o Penedo furado. Neste dia o São Pedro presenteou-nos com umas trovoadas que nos deixou molhados até ao tutano. 

Após o Parque de Campismo, o percurso segue em direcção à aldeia do Valbom pela estrada municipal que ladeia o rio Zêzere, dada a inexistência de alternativas, fruto da subida das águas da albufeira de Castelo de Bode, que mudaram a paisagem nesta região. Algumas centenas de metros antes da chegada a Valbom, o percurso abandona a estrada e toma um caminho à esquerda, que leva até muito próximo da água e a uma área de descanso.

A caminho de Valbom
A caminho de Valbom
Após subir pelo lugar de Valbom, o percurso volta a encontrar a estrada municipal marginal ao Zêzere, aqui Albufeira de Castelo de Bode. A GRZ segue em asfalto pela esquerda em direcção ao lugar de Casalinho de Santana e até à Ribeira de Brás. Neste local e para evitarmos uma subida acentuada por um caminho florestal, optámos por fazê-la por estrada. Após a descida, o percurso voltará a percorrer uma estrada marginal ao rio até chegar à localidade de Dornes.

A subida de Valbom
A caminho de Dornes
Dornes à vista
Em Dornes depois de uma molha valente
Dornes
Torre Tampelária de Dornes
Dornes
Após cruzar Dornes o percurso irá decorrer durante 3 km em estrada asfaltada que progressivamente se vai afastando das águas da Albufeira de Castelo de Bode. Nas proximidades de Vale Serrão irá encontrar a EN 238. Após a sua travessia e percorrer 100 metros na sua berma abandona esta via por um caminho de terra situado à direita. Percorridos cerca de 600 metros encontra-se a Área de Descanso de Vale Serrão.

A caminho de Vale Serrão
Decorridos cerca de mil metros o percurso irá encontrar a EN 238 e atravessar a Ponte do Vale da Ursa. Foi a partir daqui que fizemos o maior corte e desvio à GRZ e adiantarmos o atraso que trazíamos. Aproveitamos a EN 238 para seguirmos directos até Silveira, onde almoçámos. Depois de almoço aproveitámos a Nacional 2 até Vila de Rei e daí fomos por uma estrada municipal até chegarmos a Penedo Furado, onde queríamos ficar para o ultimo dia na GRZ. Foi o local onde gostei mais de pernoitar. O local é paradisíaco e como nesta altura do ano não existe turistas a noite foi passada em pura comunhão com a natureza, com direito a fogueira e tudo o que a natureza nos pode oferecer de melhor quando se pernoita desta maneira mais selvagem.  

Ponte do Vale da Ursa
Foz da Sertã ao Fundo
Estrada Municipal para Penedo Furado
Vista para a Praia fluvial do Penedo Furado
Vista do miradouro do Penedo Furado
Praia fluvial do Penedo Furado
Penedo Furado
Penedo Furado
Fogueira
Pela manhã e quando nos levantámos fomos ver a cascata do Penedo Furado e daí seguimos para Matagosa.

Após deixar este local, a GRZ  percorrer um troço da antiga estrada nacional 2 que leva à travessia de uma ponte sobre a Ribeira de Codes. Poucas centenas de metros depois, o percurso entra à direita em caminho florestal. Uma pronunciada subida irá conduzir ao local de indicação de um miradouro que não chegámos a visitar. Os últimos 2 km deste troço decorrem alternadamente em caminhos florestais e asfalto, até se atingir a povoação da Matagosa e daqui para o lugar de Fontes de onde se tem uma vista soberba sobre o espelho de água da barragem de Castelo de Bode. 
Cascata no Penedo Furado
Penedo Furado
Vista do miradouro da Fonte
De fonte seguimos durante mais uns quilómetros pela GRZ Até Atalaia. Aqui tivemos que fazer mais um desvio na rota para poder ir almoçar a Carregal na estrada N 358. Depois e porque já tínhamos muito cansaço acumulado decidimos ir até Martinchel por esta estrada e em Martinchel voltámos à GRZ até ao final em Constância.

A caminho de Martinchel
Mecânico de serviço 
Ponte da ribeira de casal de Rei
Ponte de Constância
O Zêzere entra no Tejo
Covão d'Ametade a 370 Km
A boa sensação de chegar ao fim
E depois disto tudo a vontade que tenho é de pegar novamente na bicicleta e voltar a fazer esta grande rota, se bem que com um planeamento diferente, como etapas mais curtas e em mais dias,mas o prazer  de estar em contacto com a natureza pura e dura, de sentir os cheiros, a brisa, o calor, o frio, de interagir com as pessoas, de conhecer melhor as regiões por onde passei, de conseguir fazer vários quilómetros pelos meus próprios meios e em autonomia, fazem com que estas sensações sejam tão intensas que a vontade é mesmo de voltar a fazê-la. Sem duvida que a melhor maneira de conhecer uma região ou um País é andar a pé ou de bicicleta. 


Fonte: Site Grande Rota do Zêzere / Aldeias de Xisto  

4 comentários:

  1. Muito bom!
    Descobri o registo desta vossa aventura, já que pelo meio fizeram uma cache minha (GC4KW9V).
    Parabéns pelo relato e pela aventura! Esta GRZ é de facto fabulosa, embora só conheça bem (muito bem mesmo já que a percorria antes desta designação), a parte desde a zona de Pedrógão Grande (Mega Fundeira) até Dornes. É um excelente postal para a divulgação destas zonas do nosso país! Com a vossa permissão, irei publicar no facebook esta vossa aventura, promovendo assim um pouco mais a GRZ, dando a conhecer a quem a pretenda realizar aquilo com que se irá deparar.
    Um abraço e boas e fortes pedaladas!
    Abílio Carvalho
    Facebook: https://www.facebook.com/abilio.carvalho.5

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    1. Olá Abílio, de facto foi uma aventura e pêras que adoramos. Fico contente e elogiado por teres gostado e é com todo o gosto saber que pretendes divulgar esta aventura no teu facebook.
      Abraço
      Leonel

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  2. Olá Leo

    Mais uma Aventura! Parabéns pela conclusão da GRZ e pela descrisão detalhada no blog. Passei uma vista de olhos pelo teu blog e reparei que muitas das tuas aventuras foram minhas também, fico contente por isso e recordo com saudade alguns episódios em algumas delas. Parabéns também aos outros companheiros da GRZ, ao Perdigão, ao Carlos e em especial ao Lopes que se estreou nestas aventuras e logo numa tão exigente.
    Continua a viver a vida dessa maneira!
    Grande abraço e até a próxima Aventura.

    Filipe Matanço

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  3. Eu também ando a fazer esta rota conforme a disponibilidade dos amigos! Falta fazer as etapas entre Foz de Álge e Pendo Furado que é menos de 1/3 de toda a rota! Queria terminar estas etapas para poder fazer um vídeo geral de toda a GRZ para o You Tube, ainda só publiquei uma pequena etapa entre Pedrogão Pequeno e Foz de Álge! Parabéns pelo vosso registo fotográfico, quando quiserem combinar algo seja a pé ou de bike digam alguma coisa! João Carmo :D

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