sexta-feira, 3 de maio de 2019

Estrada N2


A Estrada N2 é a mais longa estrada de Portugal e uma das mais extensas do mundo. Ao longo de 738 km percorre Portugal de lés-a -lés entre Chaves, no Norte, e Faro, no Sul, e é considerada uma das mais míticas rotas de semprePercorre-la de mota é a garantia de dias em beleza, passando por alguns dos mais fabulosos recantos do país.
Porque é portuguesa com certeza, não representa apenas um percurso carregado de séculos de existência e tradição, é também um roteiro panorâmico pelo país que tanto nos oferece.
Desfrutar de cada quilómetro numa viagem de mota por esta estrada é o que muito recomendo, com a promessa de uma viagem fabulosa pelo desfile de diversidade de paisagens de norte a sul.
Como não tinha muitos dias e queria desfrutar em toda a plenitude cada quilometro e recanto, optei por inicia-la em Montemor-o-Novo,com o destino de Chaves. Para um dia mais tarde fazer a outra parte sul até Faro. 
Por coincidência o meu amigo Nuno comprou uma Honda nova e precisava de fazer a rodagem, como da minha parte a vontade de fazer a N2 já resistia à muito tempo, alinhamos os astros e juntámos-nos para este fabulosa aventura.  
A primeira etapa foi entre Montemor-o-Novo e Abrantes, mais precisamente Mação, onde o Nuno tem uma casa e foi lá que pernoitámos
Em Montemor-o-Novo estamos no coração do Alentejo. Por aqui, a paisagem Alentejana muda gradualmente de pequenos aglomerados de florestas e olivais, para extensos campos de cereais que se perdem nas colinas.
o inicio em Montemor-o-Novo
O inicio em Montemor-o-Novo
Montemor-o-Novo
Junto à N2, ficam as árvores junto às bermas que formam um túnel natural, por onde se espreitam os horizontes. Acompanham-nos por quilómetros, até nos levar à barragem de Montargil. A barragem de Montargil resultante das águas que fluem do rio Sôr. Construída com o principal objectivo de irrigar os campos, é um local onde se reúnem visitantes para as mais diversas práticas. Pesca, remo, praticantes de vela e banhistas em busca das praias fluviais são alguns exemplos. Nós e com o bom tempo que se fazia sentir, optámos por um belo mergulho, mesmo em cuecas, porque não havia fato de banho. 
Chegada à barragem de Montargil 
Chegada À barragem de Montargil 
Preparado para a banhoca 
Reparem no pormenor...chinelo de hotel. 
Do melhor
Não serve só para andar ... também serve de cabide 
E se não sabem para que serve o bacalhau da honda, têm aqui o exemplo ... estendal 
Já mais fresquinhos 
Daqui seguimos até Abrantes por rectas e tímidas curvas, mas o panorama é soberbo e emocionante. As pequenas aldeias caiadas de branco dão vida à região pelas cores variadas com que alternam os contornos das portas e janelas, passando ainda pelo magnifico aeródromo de Ponte de Sôr. 
Atravessam-se olivais, florestas de sobreiros e carvalhos. Observam-se as vacas, os porcos, as ovelhas e tantos outros animais que pastam pelos campos, que alternam com as cores da Primavera. Ainda antes de nos recolhermos, fomos dar uma espreitadela à barragem de Belver.  
Abrantes
Abrantes
Marretas em Abrantes 

Barragem de Belver 
No dia seguinte tínhamos como objectivo Fragoselas, onde neste caso sou eu que tenho lá casa. Fragoselas fica no distrito de Viseu, Concelho de S. Pedro do Sul e para lá ir pernoitar, tivemos que fazer um desvio em Viseu para no dia seguinte voltarmos à N2 em Castro Daire. Perdemos ali alguns quilómetros da N2 entre Viseu e Castro Daire, mas foi por uma boa razão e também acabámos por ganhar com um desvio, dado o percurso até Fragoselas ser brutal.
Também neste dia, juntou-se a nós o meu irmão e a minha cunhada. O meu irmão também seria um dos participantes nesta aventura, mas compromissos de ultima hora, fizeram-no desistir. Mas como o bichinho ficou a roer, decidiu neste dia acompanhar-os entre Abrantes e Gois.
O Ponto de encontro foi no Intermarche de Abrantes e dai partimos para a primeira paragem no Penedo Furado, um pequeno desvio, mas que vale muita a pena, pela beleza natural que envolve toda aquela zona, incluindo a magnifica praia fluvial.  
 
Praia fluvial do Penedo Furado
A cambada 
As motas são bonitas .. mas os gajos !!!
Depois de desfrutarmos deste belo local partimos para o centro geodésico de Portugal. O Centro Geodésico de Portugal não é nada mais nada menos do que o ponto central de portugal. Tem uma altitude de 600 metros e uma visão de 360º, consegue-se ver a Serra da Lousã e até a serra da estrela, que neste dia e como lá no alto tinha neve, foi uma visão magnifica. 
Centro Geodésico de Portugal 
Centro Geodésico de Portugal 
Vista panorâmica 
Daqui partimos para Pedrogão pequeno, onde fomos visitar um local brutal. O moinho das Freiras junto ao rio Zêzere. A estrada a partir daqui já é mais sinuosa com um traçado que já faz as delicias de qualquer motociclista e apesar dos últimos incêndios, já se vai vendo a natureza a remanescer encontrando-se uma mistura do negro com o verde. 
Pedrogão Pequeno 
Moinho das Freiras
O Mano e a Cunhada (gosto mesmo é da camisola do Mano)
ponte
Aproveitámos e foi aqui que almoçamos, para depois partimos para Gois e fazer a despedida ao meu irmão. Daqui passamos pela barragem de Cabril com uma paisagem fantástica, para logo a seguir atravessarmos o centro de Pedrogão Grande. Até Gois voltámos a um percurso em altitude, rodeados de declives abruptos e de encostas profundamente sulcadas por linhas de água, este é o relevo propício a uma estrada sinuosa e panoramas elevados que me deu muito prazer na condução.
A N2 foi traçada tendo em conta o enquadramento paisagístico, unindo estrategicamente pontos povoados e de interesse histórico, com uma geometria que alimenta a alma de qualquer roteiro em duas rodas.
Gois 
A despedida 
Depois da despedida em Gois, partimos até à praia fluvial de Penamacor para mais um banho, mas desta vez já com calções. 
Praia fluvial de Penamacor
O banhinho mas aqui de água gelada 
Panorâmica 
Daqui seguimos para Viseu e é onde se tem que ter mais atenção. O antigo percurso da Estrada N2 coincide com o traçado do actual IP3. Esta é uma etapa pouco sinalizada, por onde seguir o trajecto exacto poderá tornar-se confuso caso não se esteja desperto para essa situação. No nosso caso optamos por guiar-nos através de GPS e ainda assim tivemos que inventar um pouco, entrando no IP3 no Lavradio e saindo só em Santa Comba Dão, atravessando assim a barragem da Aguieira. 
Viseu
Viseu
Uma cervejinha em Viseu 
Em Viseu saímos da N2 e seguimos para São Pedro de Sul com destino aos Montes Mágicos da serra do São Macário. Um traçado de paisagens que só por si já são brutais, mas como o fizemos ao cair da noite o percurso torno-se ainda mais bonito com o por do sol a contemplar-nos e os montes com cores vivas de roxo e amarelo, típico desta altura do ano. 
O Por do sol
A contemplar o que há de mais bonito 
Siga para o Portal do inferno. 
No dia seguinte depois de uma noite no descanso e silencio dos Deuses. Partimos com destina a Chaves. Saímos de Fragoselas em direcção a Castro Daire por estradas de montanha e bastante sinuosas onde todo o cuidado era pouco. Chegados a Castro Daire e depois de entrar novamente na N2, seguimos para Lamego. 
Uma das grandes características da N2, é o facto de nos levar sempre ao melhor do património português. E a chegada a Lamego é outro exemplo perfeito. As imensas escadarias do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios convidam-nos a uma paragem. Visitamos um distinto monumento religioso elevado numa encosta, entre os verdejantes jardins que o enquadram em sintonia.
A ultima foto nos montes mágicos 
Nossa Senhora dos Remédios 
Escadaria 
Castanheiro com 700 anos 
Lamego
De Lamego saímos em direcção ao Peso da Régua em montanhas que rodeiam o Douro e numa estradas com traçado curvilíneo. Percorre os pequenos vilarejos, atravessam as encostas de vinhas e pomares e oferecem um desfile em altitude sobre os largos horizontes que delas se observam.
Peso da Régua
Peso da Régua
Peso da Régua 
Do Peso da Régua ruma-mos já depois de almoço para Vila Real no troço que segundo os especialistas tem tantas curvas como os dias do ano, mais precisamente 365. A entrada no Alto Douro Vinhateiro é sempre um momento alto de qualquer roteiro. A estrada desenha-se em contornos retorcidos, por entre a complexidade da paisagem modelada pelo homem ao longo dos anos. Entramos em pleno pelos  socalcos do Douro.  Na verdade para mim em termos de condução de mota foi o troço que mais gozo me deu, as 365 curvas num pavimento bom e com um traçado espectacular, dá a quem tem o prazer de conduzir uma mota nas calmas e desfrutar da mesma o esplendor e prazer supremo.

Vila Real
Vila Real
Vila real
Vila Real
 De Vila Real a Chaves percorre-se uma vasta região termal que nos apela para uma visita atempada e foi o que fizemos nas Pedras Salgadas. O Parque Termal de Pedras Salgadas é um dos mais belos parques, segundo sei e confirmei, do interior de Portugal, e tem a sua origem na segunda metade do séc. XIX. Dotado de uma fauna e flora característica, ao longo de 20 hectares, goza de um microclima favorável, que potencia o esplendor da natureza. Com um grande lago, piscinas e percursos pedestres marcados, o parque convida a um passeio a pé ou de bicicleta, entre família ou amigos.

Pedras Salgadas 
Pedras Salgadas 
Pedras Salgadas 
Casino 
Jardins 
Não podia deixar de ser 
O ultimo troço, até Chaves foi feito já ao fim de tarde e num lapise. A chegada foi o momento alto desta aventura, o quilometro zero foi o culminar das melhores sensações desta aventura, o culminar de uma viagem espectacular, o culminar de todos os momentos intensos por que passamos, o culminar de uma recordação para a vida.  
KM 0
















Vista do quarto de Hotel 
Chaves
Chaves
Chaves
Agora faltava o regressa, que foi feito em dois dias e pelo interior, com passagens por Mirandela, Foz Côa, Almeida, Castelo Branco e novamente Mação, onde pernoitámos, para no dia seguinte regressámos a casa através das lezírias Ribatejanas.   

Percurso que também se mostrou bastante bonito com pormenores muito interessantes e que merecem ser revisitados. Realço Foz Côa e Almeida.  

Mirandela 
Mirandela 
IP 2 junto ao rio Sabor
Miradouro do caminho de costa 
Foz Côa 
Almeida
Cavalariça Real de Almeida
Na cavalariça Real 
Ponte de Belver 
Castelo de Belver

Para acabar fica aqui representado o percurso que fizemos de 1400 quilómetros em 4 dias.

Tenho a agradecer ao Nuno a companhia e a cumplicidade que fez com que esta aventura correr-se tão bem e que me deixa recordações para a vida. Fica a promessa de voltar, não para fazer o resto da parte sul, mas talvez para começar em Chaves e acabar em Faro.

Uma palavra também ao meu irmão e à minha cunhada, pelo bocadinho que passaram com nós, que apesar de ser só um bocadinho, para mim foi muito importante. 


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